Dia das bruxas

O dia 31 de outubro nos lembra bruxaria, e para homenagear esta data vou escrever um pouco sobre elas. Na verdade também quero falar sobre a origem do dia das bruxas, que no passado era uma data sombria para as pessoas, um dia em que não saíam e protegiam suas casas colocando figuras assustadoras nas portas para os monstros não entrarem. Os celtas acreditavam que 31 de outubro era a data a qual o véu entre os humanos e o mundo dos mortos se estreitava, e que essa era a única data na qual poderia ser invocado um demônio chamado Samhain, então deixavam doces para agradá-lo e usavam máscaras, pois segundo a lenda, era a única forma de se esconder dele, além de deixarem abóboras esculpidas com o rosto dele em forma de louvor. O que explica muitas tradições do dia das bruxas... Já para as bruxas o dia 31 de outubro tem um significado também: o deus representante da natureza saía da infância e virava adolescente, e tornava-se curioso e explorador. Nesta data essas mulheres homenageavam a deusa Gaia, que em sintonia com esse deus (fecundo) lhes traria mais estabilidade nos relacionamentos familiares, daria conhecimento e fertilidade, além de manter a saúde dos filhos muito boa. Segundo especialistas, parte das mulheres queimadas na fogueira eram realmente bruxas, mas a maioria não. O que não é muito falado é que os filhos, mas principalmente as filhas dessas mulheres, que podiam ser crianças ou adolescentes (tanto fazia) também eram queimadas, pois acreditavam que elas estavam “infectadas” com a bruxaria da mãe e que no futuro essas crianças viriam a se tornar bruxas também. Talvez pelo simples motivo de temer o desconhecido, já que nem todos os feitiços são malignos, pois quando você acende uma vela para um anjo já é um feitiço, geralmente benigno, então como as bruxas eram as mulheres que tinham conhecimento geral e, principalmente, esotérico, que as pessoas da época não tinham a Igreja se sentia ameaçada por elas, que vinham já com alguma reputação, pois muitas pessoas as respeitavam. O problema é que na época as mulheres não podiam ter um jardim que já eram acusadas de feitiçaria, não podiam fazer chá, pois podiam ser poções do amor poderosas, não podiam cantar, já que as músicas eram para encantar os maridos e obrigá-los a fazer o que não queriam. Eram acusações sem sentido, que acabaram por matar muitas pessoas inocentes, não só do sexo feminino como do masculino também, pois um terço dos assassinatos de pessoas por bruxaria foi de homens, e dois terços de mulheres (logicamente).
A palavra witch, que é bruxa em inglês, é derivada da palavra alemã wissen (conhecimento, sabedoria) e wikken (adivinhar), e antes de serem perseguidas pela Igreja católica eram consideradas sábias de extrema importância, como se fossem uma espécie de líder espiritual. Por isso muitas mulheres que conheciam das ervas curativas, e de misturas medicinais, e que atuavam como “médicas” (na verdade mais como curandeiras) nos vilarejos, foram mortas acusadas de bruxaria. Talvez pelo simples motivo de que a nova Igreja com a bíblia com todas as partes inclusas e exclusas não podia aceitar nenhum vestígio de paganismo, que citava a mulher como divina, e adoravam ao Sagrado Feminino, logo mulheres inteligentes eram inaceitáveis, pois estavam vivendo numa sociedade na qual quase todos eram católicos e viviam num mundo patriarcal, na qual a mulher era deixada em segundo plano com a justificativa de que era a fonte de todos os pecados (por conta de Eva e Lilith). No ano de 1320 a Igreja declarou que os pagãos que adoravam as mulheres (não ao demônio, não confunda) e que as bruxas eram uma ameaça ao Cristianismo e à população, a partir daí foram mortas incontáveis pessoas hereges. Para ser condenado pela Santa Inquisição você precisava ter apenas uma marca do demônio (que variava desde sinais de nascença até feridas), além disso, os suspeitos de heresia eram presos e torturados de forma desumana (e agora me pergunto se quem fazia isso era melhor do que um herege), pois para conseguirem confissões (muitas vezes de jovens e inocentes) eles furavam suas línguas, imergiam seus corpos em água quente, furavam os corpos com agulhas até encontrar uma parte em que tivessem a impressão de que a pessoa não estava sentindo dor para ser condenada, arrancavam os seios das mulheres, usavam aparelhos de tortura horríveis e espancavam as pessoas duma forma extremamente violenta, de um jeito que só o povo da Idade Média sabia fazer. Todas essas coisas com muitas pessoas que ajudavam os vilarejos, e que tinham muitos conhecimentos. Eles eram obrigados a assinar um “protocolo” no qual eles assumiam serem hereges, bruxos, feiticeiros, seja lá qual fosse a expressão, acabavam mortos, a diferença é que se não assumissem eram queimados vivos, mas se aceitassem primeiro eram mortos e depois queimados, o que também não era necessário, só se o bruxo resolvesse ressuscitar né?! Se já tinham matado não tinha necessidade de queimar, sendo que eram queimados do mesmo jeito, para servir de exemplo, e para não deixar nenhum vestígio daquele corpo impuro. O fim da caça as bruxas foi no século XVIII. No ano de 1782 a última mulher foi para a fogueira, na Suíça, porém a Santa Inquisição ainda continuou até (acreditem) o século vinte, há não muito tempo atrás. Graças a Deus, isso acabou, as pessoas ainda tem muita ignorância perante o mundo da feitiçaria e preconceito com o paganismo, já que a gente aprendeu a conectar os pagãos ao Diabo e as coisas más, apesar de que a maioria dos pagãos não ter nada haver com isso. Claro que nem todas as bruxas da Idade Média (nem as atuais) eram santas. Algumas fizeram pactos com demônios para conseguir vinganças sociais ou atingir seus objetivos, mas até hoje muitas pessoas fazem essa espécie de pacto por futilidades, e não sabem o tamanho do problema que elas estão criando para si mesmas, já ouviu falar em “o feitiço volta contra o feiticeiro”? Se for um feitiço do bem que ótimo pra você, mas e se for maligno?As conseqüências serão terríveis. Bom, para finalizar vou dizer que eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem! FELIZ 31 DE OUTUBRO.